domingo, 17 de novembro de 2013

Finalmente tive coragem e peguei novamente na Tese de Mestrado. E-mail enviado ao orientador. Vamos ver se é desta. Preciso de vontade, muita vontade para continuar. Vamos ver se consigo arranjá-la.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

terça-feira, 12 de novembro de 2013

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O Amor acaba


O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro
e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a
pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que
ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da
aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o
amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam
no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor
tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias
diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do
cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados
de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe
faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na
epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas
femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor
pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente;
no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes
semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de
ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados,
atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba
na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas
esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no
trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados
o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em
Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São
Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes,
e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música
que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em
ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres,
Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o
amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares
gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na
janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de
bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo;
às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar
com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade;
o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do
verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor
acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar
em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

Paulo Mendes Campos

domingo, 27 de outubro de 2013

Ainda em relação ao post anterior, não conseguiria descrever-me tão bem:


"Sou impulsiva, dramática, exagerada, mas vivo com intensidade. Tenho paixão pelas coisas. E pelas pessoas. Sou movida pelo que sinto, pelo que vem de dentro, pelo meu coração. A razão? Que se exploda! Posso me dar mal, mas prefiro agir com o que vem lá do fundinho."
 
Clarissa Corrêa
Semana dura a que passou. Ando cansada, mas apenas psicologicamente. Não é cansaço físico. Antes fosse. Sou uma pessoa que cria muitas expectativas, que imagina muitas coisas, idealiza até. Depois não corre bem, não corre como desejado e acabo por me desiludir e ficar triste. E passo a vida nisto, entre a euforia de algo que acho que só eu imagino que vai acontecer e a tristeza da realidade. E vivo assim há três anos, à procura de paz e serenidade, algo que está difícil de encontrar.

domingo, 20 de outubro de 2013